soul

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Sequere

Para onde ir
nesse universo sem fim

na dúvida, cá estou
ausente de mim

fincada na trilha
em pegadas circulares

viso a bifurcação
que faz o coração

mas sigo
sem ângulo
e sem direção.

cf

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Piano

Piano
que embalo
me embala
canto
enquanto me encanta

Piano
que acaricio
me acolhe
colo em que choro

Nas teclas sentidas
minh'alma canta
e se encanta
na balada
que embalo
ao
piano.


cf

Ação

Saltitantes saltimbancos em as(saltos)
desafinam em pés descalços
nas calçadas do tempo

Em seus palcos, luzes do asfalto
Em seus aplausos, faróis de indiferença
Seu ingresso, moedas sem brilho

Na sonoplastia das portas travadas
Seu incentivo, a barriga vazia
Seu cenário, árido e cinzento
Na maquiagem, a cara lavada

E entre saltos e assaltos
saltita saltimbanco
a tristeza da vida


cf

Será que um dia me liberto deste eu hipotético e me entrego de vez a essa alma nua?

Tanto me espreita, tanto me aguça, tanto me provoca que corro seriamente o risco de ser eu mesma, algum dia.

Enquanto isso me escondo e desvio das sombras da minha verdade.

Só espero que o acaso faça com que ela me encontre, alcance e invada, sem pedir licença


cf

ACHADOS E PERDIDOS

perdi o nó na garganta
achei um grito no ar

perdi os amores antigos
achei um pra sempre ficar

perdi a vergonha que eu tinha
achei um deboche no lugar

perdi a rígida disciplina
achei a leveza no olhar

perdi o controle
continuo sem achar

perdi aquele bonde
agora, caso possa me ajudar,
procuro um par de asas pra voar

cf

Aos meus filhos

Aos meus filhos quero mostrar
o mundo que não conheci
os museus que não visitei
as músicas que não ouvi
os livros que não li

Para que possam se orgulhar
do que eu não sou
mas ainda pretendo ser

cf

DILEMA

Será que te vejo
ou me olho

te escuto
ou me ouço

te entendo
ou me percebo

Será que te amo
ou me odeio

cf

OUVE

Não há o que se diga
quando nada queremos ouvir

Nem se esforcem para entender
eu não busco aceitação

Quero apenas a doçura do silêncio
a calma do olhar
a maciez do colo

Inquietude, ansiedade, intensidade, eu já tenho
não me venha emprestar

cf

TEMPO:

Aflito e desgovernado metrônomo

que teima em contar meus compassos

e descompassos!

cf

Take five


Acorda
Sacode
Enlouquece
Grita
E vai...

Esquece
Lembra
Agita
Canta
E vai...

Teima
Complica
Tecla
Sorri
E vai...

Chora
Toca
Ouve
Sonha
E vai...

Senta
Conversa
Espera
Brinca
E vai...

Corre
Leva
Arruma
Ama
E vai...

Medita
Fala
Escreve
Suspira
E vai...

Abraça
Beija
Luta
Vive
E vai…

cf

Triz!



Quis

fiz

fui feliz!


cf

...

no pensar

nada se conclui

só se abstrai

cf

Girassóis

(para Bel e Patty)

Me encanta a determinação e sensibilidade da flor

que ainda com suas raízes presas a terra

jamais perde o espetáculo do pôr do sol

cf

Tão Pouco

Tão pouco...
Foi o tempo para o aconchego do teu colo,
Tempo para sentir teu cheiro,
Decorar os sinais do teu rosto.

Tão pouco...
Foi o tempo para olhar-te nos olhos,
Tempo para reconhecer tua expressão,
Expressar as emoções.

Tão pouco...
Foi o tempo para ouvir teu canto,
Tempo para memorizar o som da tua voz,
Som do teu riso.

Tão pouco...
Foi o tempo para o aconchego do teu abraço,
Tempo para contar com teu ombro,
Contar meus segredos.

Tão pouco...
foi o tempo para todas as alegrias,
Tempo para dividir as tristezas,
Dividir as histórias.

Tão pouco...
Foi o tempo para conhecer tua vida,
Tempo para viver a nossa vida,
Viver o nosso tempo.

Tão pouco...
Foi o tempo que não houve tempo,
Tempo para conhecer meu par,
Ver nascer e curtir teus netos... ver-me mãe!

Tão pouco...
Foi o tempo para as palavras,
Tempo para o silêncio,
Silêncio...

Tão pouco MÃE...
Foi me dado de ti,
E tanta saudade de ti ficou,
Pelo tão pouco...
Mas tão intenso tempo que vivemos.

cf

Superficial

Na falsidade das notas
não reconheço tua melodia

Na abstração das letras
não compreendo tuas palavras

Nada sei de ti
nada percebes de mim

Tão pouco vivemos a sós
nada teremos de nós.


cf

Espelho


As pessoas temem tanto a Deus
que fingem procura-lo
na imensidão do céu

tão alto
que nunca se possa alcançar

e não se encorajam
a encara-lo de frente
através do olhar ao próximo
e do olhar a si mesmo



Preferem
um torcicolo
às feridas abertas.


cf

Chico (falsa pretensão de intimidade)

Chico Buarque

sambas e valsinhas

com sabor de infância

agente de emoções

que faz borbulhar inspiração

para que eu possa cantar

minha vida.


cf

Bons ventos

Quando os ventos

me levarem ao infinito

que soprem para um lugar

de tranquila vibração

de felicidade

mas de intenso

borbulhar

de emoções.


cf

Arte

Quisera, um dia,
traduzir arte em palavras.
Tolice, presumo,
só nos cabe sentir
e emocionar-se.

cf

Cálice

Se na morte

puder levar um cálice de vida,

com insaciável sede

degustarei!


cf